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Boletim Focus reafirma tendência de queda acentuada no PIB

Boletim Focus reafirma tendência de queda acentuada no PIB

Foto: Tendência de queda na economia pode superar expectativa do governo federal/Foto: Pixabay

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Juliana Albuquerque

A queda na soma de todos os bens e serviços produzidos no Brasil foi revisada para menos, nesta segunda, pelo Boletim Focus do Banco Central. Agora, a expectativa é que retração do Produto Interno Bruto (PIB) feche 2020 não mais acima 6%, como previsto inicialmente, mas em 5,95%. Mesmo com a diferença de recuo menor, a previsão do mercado, de acordo com especialistas, é mais fiel à realidade da economia brasileira do que a apontada, semana passada, pela equipe econômica do Governo Federal, que manteve uma projeção de redução do PIB em -4,7%.

Como justificativa para a manutenção do indicador com queda de 4,7%, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia afirmou que apesar da extensão do isolamento social, a projeção do crescimento do PIB para 2020 foi mantida diante da melhoria dos indicadores, refletindo um efeito positivo das políticas adotadas até então. Porém, não descarta que os impactos negativos dos choques de demanda excedem os efeitos da retração da oferta, resultando em revisões da projeção da inflação em 2020 para valores menores.

“Há variáveis importantes com impactos extremamente negativos, como no resultado no volume de vendas de comércio, do setor de serviços, da indústria, sem falar na questão do mercado de trabalho, com alto nível de demissões. Ou seja, uma conjuntura extremamente negativa que deve puxar o PIB mesmo para baixo”, comenta o economista da Fecomércio em Pernambuco, Rafael Ramos, que discorda das projeções do Governo Federal.

Já o consultor econômico-financeiro, Tiago Monteiro, enxerga na projeção do governo para o PIB em 2020 uma incoerência extrema. “É ser muito otimista, principalmente quando a gente fala de alguns indicadores que voltaram a crescer, mas bem abaixo da expectativa, como comércio, indústria e serviços, que respondem a mais de 70% do nosso PIB. Para se ter uma ideia, o FMI, o Banco Mundial, por exemplo, já colocam um recuo de mais que um dobro disso, mais de 9% de queda”, argumenta o especialista.

Ele explica que o fundamento para a projeção em sintonia com a realizada pelo Boletim Focus é a mais coerente com o panorama macroeconômico nacional. “A gente tem uma demanda letárgica e, sem demanda não há oferta. Na verdade, estamos vivendo um momento muito complicado ainda, de muitas demissões, suspensão de salário, mesmo diante de um processo de retomada econômica com a reabertura das atividades. Por isso, não vejo base para essa projeção do governo, muito pelo contrário. Com um cenário de rombo fiscal exorbitante no fim de 2020, que pode pairar entre R$ 650 bilhões a R$850 bilhões, além de uma inflação muito baixa, somado a  uma taxa básica de juros que deve fechar o ano em 2%. Chega a ser irresponsável essa projeção do governo” conclui Monteiro.

O economista Thobias Silva, que prevê queda do PIB entre 5% e 6%, não enxerga como maior preocupação tanto a variação do indicador neste ano, mas o legado fiscal disso para o próximo ano. “Devemos ter uma dívida fiscal de quase 100% do PIB em 2021. Então, esse legado é que a gente tem que tomar cuidado para que os juros continuem caindo e os outros indicadores não variem muito. Pois, assim como outros países que vão sair dessa crise com uma dívida pública muito grande, o Brasil será um dos emergentes com a maior dívida pública em termo de PIB”, avalia Silva. Ele teme que se nada for feito em relação às reformas, como Tributária e a Administrativa, a dívida pública, estimada em R$1 trilhão em 2021, pode ser impossível de controlar. “Se as reformas não forem feitas, podemos ter uma reversão da queda dos juros e inflação e, com isso, a dívida pública sair definitivamente do controle”, explica o economista.

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