Mais Categorias
Economia

Construção civil registra queda inédita em Pernambuco

Construção civil registra queda inédita em Pernambuco

Foto: O impacto da pandemia foi sentido na importação de produtos e na alta do dólar/Foto: Divulgação CNI

    Compartilhe:

Depois da divulgação do balanço das atividades nacionais do setor de construção civil, agora é a vez dos dados estaduais. E como era de se esperar, o setor registrou grande abalo, já sentido efeitos da pandemia do covid-19.

Pernambuco registrou brusca queda no primeiro trimestre de 2020 em razão da pandemia do coronavírus, o que levou o indicador do nível de atividade descer de 43,8 pontos registrados em dezembro de 2019 para  25,3 pontos em março deste ano, atingindo o menor índice da série histórica iniciada em 2009.

Os dados são da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE) e segundo o economista da entidade, Cézar Andrade, o setor foi impactado pela retração do consumo das famílias nos últimos meses, assim como pela diminuição da produção da construção civil, pela queda na empregabilidade e pela pouca circulação de moeda na economia.

“Embora a sondagem pegue os três primeiros meses do ano e a quarentena em Pernambuco tenha sido decretada dia 20 de março, interrompendo dois terços das atividades do setor, os impactos do covid-19 já puderem ser sentidos em virtude das dificuldades de importação e da alta do dólar”, disse o economista.

Pontos relacionados à satisfação com a margem de lucro operacional e à situação financeira também apresentaram piora para os empresários da construção civil nos primeiros três meses do ano. Comparando com o mesmo trimestre do ano anterior, a satisfação com a margem de lucro caiu 8,4 pontos e chegou aos 39,6 pontos. Já o indicador de satisfação financeira, registrou variação trimestral de 10,6 pontos negativos.

 

Na avaliação de Andrade, as situações mais críticas para o segmento têm a ver com o acesso ao crédito e à inadimplência dos clientes. Sobre o primeiro aspecto, registrou-se a maior diminuição entre os indicadores, cujo declínio foi de 22,2 pontos negativos entre o quarto trimestre de 2019 e primeiro trimestre de 2020. Para se ter ideia, o valor do índice chegou a ser 14,8 pontos, o que demonstrou grande dificuldade do segmento com o acesso aos recursos financeiros para manter, ao menos, o capital de giro.

 

Já a inadimplência, foi listada pelos empresários como o principal problema desde que a crise se agravou. Dentre tantos entraves, a inadimplência dos clientes ficou em primeiro lugar pela primeira vez, com 66,1%, seguida da elevada carga tributária (56,6%), da burocracia excessiva (35,6%), da falta de financiamento de longo prazo (35,3%) e de outros aspectos (24,1%). “Vemos que a inadimplência atingiu as empresas e isso diz muito sobre o momento atual, quando as pessoas estão concentrando os seus esforços para os bens essenciais e, infelizmente, deixando os demais custos para quando voltar à normalidade”, lamentou o economista da FIEPE.

 

Mais uma questão ponderada pelo especialista está relacionada ao índice de evolução do nível de emprego, que recuou de 44,7 pontos em dezembro de 2019 para 33,8 pontos em março de 2020. “Ainda assim, os níveis de empregabilidade não acompanharam tão fortemente a queda produtiva no setor, o que significa que os empresários pernambucanos estão mantendo boa parte dos seus funcionários”, disse Cézar Andrade, ressaltando que, por outro lado, essa decisão reduz o capital de giro das construtoras, mas suaviza o desaquecimento da economia.

Expectativa

Diante desse cenário, a intenção de investimento dos empresários da construção civil não poderia ser diferente e registrou queda acentuada mensal. O indicador obteve, em abril, resultado 17 pontos abaixo do registrado em março (48,9), atingindo 31,9 pontos. Na visão do economista, se o cenário se prolongar, mudanças nos níveis de emprego, nas compras de matérias-primas e na expectativa de novos empreendimentos poderão acontecer.

Notícias Relacionadas

Comente com o Facebook